Teses Defendidas - 2025

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Patologia Ambiental e Experimental

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Patologia Ambiental e Experimental da UNIP é nota 5 na CAPES
Siga o Programa nas redes sociais:

Título: Efeitos das preparações ultradiluídas de Viscum album na ativação do inflamossomo NLRP3 nas céluas de melanoma murino

Autor(a): Priscila Inhauser Baltuille do Prado
Orientador(a): Profa. Dra. Elizabeth Cristina Perez Hurtado
Data da defesa: 16/06/2025

Resumo: O extrato de Viscum album (Va) conhecido também como mistletoe é usado como abordagem integrativa no tratamento de pacientes oncológicos, bem como o uso de suas ultradiluições homeopáticas. Estudos prévios do grupo com ultradiluições de Va no modelo de melanoma murino demonstraram que, in vitro, induz modulação do metabolismo celular, do estresse oxidativo e do perfil de citocinas inflamatórias, e in vivo, leva à melhora do estado geral e qualidade de vida de camundongos com melanoma. Considerando que parâmetros de bem- estar e qualidade de vida podem ser influenciados por mediadores inflamatórios, liberados pela ativação do complexo inflamossoma NLRP3, cuja expressão pode estar regulada epigeneticamente pela expressão de microRNAs (miRNAs), o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de diferentes preparações de Viscum album (tinturas-mães e ultradiluições nas escalas 12X, 200CH e 5LM), obtidas de diferentes árvores hospedeiras (Quercus robur e Abies alba), sobre a ativação do inflamossoma NLRP3, a produção de citocinas inflamatórias e a expressão de miRNAs reguladores em células de melanoma murino B16F10. Os dados demonstraram que VaAa 12X induziu aumento significativo de IL- 1β e TNF-α após 24 horas, sugerindo ativação de vias pró-inflamatórias e possível envolvimento do inflamossoma. As tinturas-mães, sobretudo VaAa, promoveram aumento de diversas citocinas inflamatórias (IL-6, IL-12p40/p70, IL-18 e TNF-α) após 1 hora de tratamento, evidenciando sua conhecida citotoxicidade e ação imediata sobre o sistema imune celular. Em relação à expressão de NLRP3, observou-se redução com VaQr 5LM e controles após 1 hora, e aumento com VaAa 5LM após 24 horas. A análise dos miRNAs revelou modulação positiva do miR-223 por VaQr 200CH e VaAa 200CH, além de alterações na expressão dos genes relacionados à biogênese desses miRNAs (Drosha, Xpo5 e Dicer), especialmente após tratamento com tinturas-mãe. Com isso, sugere-se que Va, mesmo em preparações ultradiluídas, é capaz de interagir com vias inflamatórias e epigenéticas, a depender da dose e do tempo de tratamento, afetando o microambiente tumoral. Estes resultados são inéditos e auxiliam no estabelecimento de uma correlação dos achados anteriores do grupo, tanto in vitro quanto in vivo, fornecendo informações significativas para compreensão dos mecanismos de ação das ultradiluições de Va no modelo de melanoma murino.

Palavras-chave: Câncer de pele; mistletoe; homeopatia; complexo inflamossoma; microRNAs.
Área de Concentração: Patologia Ambiental e Experimental.
Linha de Pesquisa: Ecotoxicologia e Inovações Terapêuticas.

Título: Análise Molecular de Circovírus Porcino Tipo 2 (PCV2a e PCV2b) em Populações de Queixadas: Implicações para uma só Saúde

Autor(a): Diego Ferreira da Silva
Orientador(a): Profa. Dra. Alessandra Marnie Martins Gomes de Castro
Data da defesa: 27/06/2025

Resumo: O Circovírus Suíno tipo 2 (PCV2) é um agente viral de ampla distribuição global, reconhecido por seu impacto na suinocultura e pela capacidade de infectar outras espécies hospedeiras. Sua emergência em ambientes naturais suscita preocupações no campo da Saúde Única (One Health), sobretudo em ecossistemas fragmentados como a Mata Atlântica brasileira, onde interações entre fauna silvestre, animais domésticos e humanos são favorecidos. A detecção do PCV2 em espécies ameaçadas de extinção representa não apenas um alerta sanitário, mas também um desafio à conservação da biodiversidade. Objetivo: Avaliar a presença dos genótipos PCV2a e PCV2b em amostras biológicas de Tayassu pecari  (queixadas) em três unidades de conservação do estado de São Paulo, integrando vigilância molecular com aspectos ecológicos e geográficos sob a ótica da Saúde Única. Método: Foram analisadas 167 amostras de 66 indivíduos, incluindo soro, tecidos e swabs retais, provenientes do Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC), do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Santa Virgínia (PESM-SV) e da Estação Ecológica dos Caetetus (EEC). A detecção viral foi realizada por qPCR com quantificação absoluta da carga viral. A análise considerou variações ambientais e a localização dos parques. Resultados: Vinte amostras foram positivas (8 PCV2a; 12 PCV2b), concentradas nas regiões litorâneas do PEIC e PESM-SV. Em contrapartida, não houve detecção na EEC, uma unidade de conservação mais isolada, localizada no interior paulista. Essa diferença reforça o papel da pressão antrópica, da conectividade ecológica e da proximidade com atividades humanas na disseminação viral. Conclusão: Os achados revelam um possível foco de circulação viral em áreas costeiras e sugerem que fatores ambientais modulam a distribuição do PCV2 em populações silvestres. A integração entre vigilância genômica, gestão ambiental e estratégias de Saúde Única é essencial para antecipar riscos e proteger espécies vulneráveis. Este estudo inaugura uma nova fronteira na interface entre virologia, ecologia e conservação, fornecendo subsídios críticos para políticas públicas em saúde e meio ambiente.

Palavras-chave: Circovírus Suíno tipo 2; Saúde Única; PCR.
Área de Concentração: Patologia Ambiental e Experimental.
Linha de Pesquisa: Patologia Integrada e Translacional.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: CLININFEC - Clínica e Doenças Infecciosas Veterinárias.

Título: Modelo experimental de pneumonia intersticial induzida por Encephalitozoon cuniculi  via intranasal e a resposta imune pulmonar associada

Autor(a): Eluane de Lucas da Silva Martins
Orientador(a): Profa. Dra. Maria Anete Lallo
Data da defesa: 30/06/2025

Resumo: Microsporídios são fungos intracelulares obrigatórios, oportunistas, que infectam muitos hospedeiros vertebrados e invertebrados, causando infecções disseminadas ou localizadas. A transmissão orofecal predomina em vertebrados. Os esporos eliminados pelas fezes, urina ou secreções respiratórias contaminam a água e alimentos, sendo adquiridos frequentemente pela via digestiva, embora ocorram infecções experimentais pelas vias hematógena, intraperitoneal e orofaríngea. A pneumonia causada por Encephalitozoon cuniculi tem sido associada à disseminação hematógena embora a transmissão aerógena seja considerada, ela não foi experimentalmente demonstrada. O presente trabalho teve objetivo de avaliar a infecção por E. cuniculi pela via intranasal em camundongos imunocomprometidos ou não, assim como analisar o padrão de resposta imune pulmonar. Foram realizados 3 experimentos: no experimento A- camundongos C57BL/6 foram tratados ou não com ciclofosfamida (Cy) e inoculados com esporos de E. cuniculi pela via intranasal. Após 14 dias de infecção, foi realizada a coleta de sangue para análise das citocinas do plasma e do inflamassoma NRLP3 nos leucócitos, lavado broncoalveolar para análise citológica e a coleta dos pulmões para análise histopatológica, fenotipagem das células imunes por citometria e quantificação da carga fúngica. No experimento B, camundongos wild type, IL-17RA-/- e Rag-1-/- foram inoculados com esporos de E. cuniculi pela via intranasal. Após 14 dias de infecção, foi realizada a coleta de soro para análise das citocinas, coleta dos pulmões para análise histopatológica e fenotipagem das células imunes por citometria. No experimento C- culturas de células pulmonares da linhagem H292 foram desafiadas com diferentes concentrações de esporos de E. cuniculi por célula por período de 24 e 72 horas e todos os esporos produzidos foram contabilizados. A inoculação de esporos de E. cuniculi pela via intranasal promoveu pneumonia intersticial em todos os animais infectados. Os animais tratados com Cy e infectados tiveram quadro de pneumonia intersticial mais intenso com maior carga fúngica, menores percentuais de linfócitos T CD8+ e T CD4+ e aumento de citocinas pró-inflamatórias TNF- e IL-2. Os animais IL-17RA-/- e Rag-1-/- infectados apresentaram pneumonia clínica e histológica mais exacerbada, menor percentual de linfócitos T CD8+ ou menor percentual de ativação funcional dos mesmos e associado ao baixo perfil de citocinas pró-inflamatórias. Houve redução de macrófagos alveolares M1 nos animais infectados, com exceção dos camundongos IL-17RA-/-. As células H292 permitiram a proliferação dos esporos de E. cuniculi. Portanto concluímos que a inoculação de esporos de E. cuniculi pela via intranasal determinou pneumonia intersticial. Os camundongos imunocomprometidos, em especial IL-17RA-/- e Rag-1-/-, tiveram pneumonia mais grave que os animais controles, sendo a menor resistência ao patógeno associada ao menor resposta de linfócitos T CD8.

Palavras-chave: Encephalitozoonose; Infecções oportunistas; Pneumonia; Via intranasal.
Área de Concentração: Patologia Ambiental e Experimental.
Linha de Pesquisa: Patologia Integrada e Translacional.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: CLININFEC - Clínica e Doenças Infecciosas Veterinárias.

Título: Efeitos dos Inibidores da Bomba de Prótons em biomarcadores séricos e fecais de Disbiose Intestinal em Cães - Um estudo clínico

Autor(a): Felipe Saab Romano
Orientador(a): Profa. Dra. Maria Anete Lallo
Data da defesa: 30/06/2025

Resumo: A microbiota intestinal corresponde a população de todos os microrganismos - bactérias, vírus, fungos e protozoários - presentes no trato gastrointestinal. Ela funciona como um órgão que participa do aproveitamento de substratos da dieta, os quais são convertidos em compostos metabolicamente ativos que influenciam o organismo do hospedeiro. Os antiácidos que são inibidores da bomba de prótons (IBPs) são amplamente utilizados em medicina veterinária, indicados em casos de úlcera, refluxo gastroesofágico e inflamação da mucosa gástrica. Contudo, evidências indicam que o uso prolongado pode causar alterações indesejadas na microbiota intestinal, ou seja, disbiose. O objetivo desse estudo foi avaliar o impacto de alguns IBPs (Omeprazol, Esomeprazol e Lansoprazol) na microbiota de cães saudáveis por meio de análises séricas e do índice de disbiose fecal (ID). Para tal, 20 cães da raça Golden Retriever, machos (n=9) e fêmeas (n=11), com idades variando entre 2 e 6 anos (3,8 ± 2,36), foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos (com 5 animais cada) denominados: Grupo Omeprazol (OMP), Grupo Esomeprazol (ESO), Grupo Lansoprazol (LSP) e Grupo Controle-Placebo (CTL). Antes do tratamento e após 30 dias de tratamento, os animais foram avaliados para o índice de disbiose fecal (ID) através de técnica da qPCR e quanto marcadores séricos de inflamação como proteína C reativa e absorção como cobalamina (vitamina B-12), ácido fólico (vitamina B-9), magnésio, cálcio, ferro e albumina. Não foram notadas alterações clínicas nos animais ou estatísticas quanto ao índice de disbiose global dos grupos tratados com antiácidos, contudo algumas alterações específicas foram verificadas na microbiota, como redução da expressão de Turicibacter (agente desejado) nos grupos Omeprazol e Esomeprazol e maior quantificação de Streptococcus spp (agente indesejado) em alguns indivíduos do grupo Omeprazol. Todos demais parâmetros séricos não apresentaram alterações significativas, apontando que este tempo e estas doses empregadas não impactaram nos marcadores de absorção gastrointestinal. Conclui-se que o uso antiácidos não determinou disbiose intestinal, prejuízo de absorção ou repercussão clínica neste estudo com animais saudáveis e submetidos a rigorosa padronização, no entanto ocorreram alterações pontuais indesejadas em alguns animais tratados.

Palavras-chave: Cão; eubiose; gastroprotetor; microbioma.
Área de Concentração: Patologia Ambiental e Experimental.
Linha de Pesquisa: Patologia Integrada e Translacional.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: CLININFEC - Clínica e Doenças Infecciosas Veterinárias.